[1]
Os remorsos são restos de passado,
gavinhas enroladas na memória
que a vão entretecendo vagamente,
docemente, quais críticos serenos
que não matam mas ferem como agulhas
espetadas no nosso coração.
Arrancar as agulhas é difícil,
essa dor que nos causam, recorrente,
aparece nos dias sem amparo,
nos dias de neblina mais cerrada,
em que o gelo recobre o coração.
[1] Retirado de A Incerta Viagem (2017). Coimbra: Alma Azul