MULHERES ESCRITORAS

Escritoras de língua portuguesa no tempo da Ditadura Militar e do Estado Novo em Portugal, África, Ásia e países de emigração

 

Ficha de autora
id
Deolinda Rodrigues
https://www.tchiweka.org/pessoas/deolinda-rodrigues
Deolinda Rodrigues
Médica e escritora

Foi cofundadora em 1962 da Organização de Mulheres Angolanas (OMA), organização feminina do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).

Poesia de Combate (n.d.). Prefácio António Jacinto. Porto: Comité de Acção do MPLA (pp. 7-8).

No ano de 1959, enquanto estava exilada nos EUA, trocou correspondência com Martin Luther King Jr:

  • Armstrong, T., Carson, S., Clay, A., & Taylor, K. (Eds.). (2020). To Deolinda Rodrigues. Em The Papers of Martin Luther King, Jr: Volume 5, Threshold of a New Decade, January 1959-December 1960 (Reprint 2020, pp. 250–251). University of California Press. https://doi.org/10.1525/9780520341937

Trocou correspondência com Lúcio Lara. Alguma dela pode ser consultada nas seguintes referências:

  • Lara, L. (2000a). Carta a Deolinda Rodrigues. Em Documentos e comentários para a história do MPLA: até Fev. 1961 (1. ed, pp. 271–272). Dom Quixote.
  • Lara, L. (2000b). Carta de Deolinda Rodrigues. Em Documentos e comentários para a história do MPLA: até Fev. 1961 (1. ed, pp. 485–486). Dom Quixote.
  • Lara, L. (2000c). Excerto de carta a Deolinda Rodrigues. Em Documentos e comentários para a história do MPLA: até Fev. 1961 (1. ed, pp. 481–483). Dom Quixote.

Alda Espírito Santo escreveu um poema intitulado “Deolinda Rodrigues” na sua obra É nosso solo sagrado da terra, 1ªa ed. 1978, p.113-114.

Alfieri, N. (2021). Deolinda Rodrigues: Entre a escrita da história e a escrita biográfica. Recepção de uma guerrilheira e intelectual angolana. Abriu, 10, 39–57.

Alfieri, N. (2024). História e Escrita de Angola: Eugénia Neto e Deolinda Rodrigues.Em Mundos de Língua Portuguesa- Olhares Cruzados, Vol V, Imprensa da Universidade de Coimbra, pp. 71-86. https://doi.org/10.14195/978-989- 26-2538-6 

Almeida, R. de (2003). Introdução. Em D. Rodrigues, Diário de um exílio sem regresso (pp. 13–15).

Nzila. Almeida, R. de (2004). A abrir. Em D. Rodrigues, Cartas de Langidila e outros documentos (pp. 13–15).

Nzila. António, M. P. P. (2023, junho). Deolinda Rodrigues: A intelectual combativa. Revista de Ciências Sociais, 54(1), 43–66.

Armstrong, T., Carson, S., Clay, A., & Taylor, K. (Eds.). (2020). To Deolinda Rodrigues. Em The Papers of Martin Luther King, Jr: Volume 5, Threshold of a New Decade, January 1959-December 1960 (Reprint 2020, pp. 250–251). University of California Press. https://doi.org/10.1525/9780520341937

Barros, L. B. (2013, junho). As cartas da Langidila: Memórias de guerra e escrita da história. Tabuleiro de Letras, 6. https://revistas.uneb.br/index.php/tabuleirodeletras/article/view/367/323

Bittencourt, M. (2008). Em «Estamos juntos!» O MPLA e a luta anticolonial (Vols. 3, 4, pp. 177, 180, 183, 324). Ed. Kilombelombe.

Lara, L. (2000a). Carta a Deolinda Rodrigues. Em Documentos e comentários para a história do MPLA: até Fev. 1961 (1. ed, pp. 271–272). Dom Quixote.

Lara, L. (2000b). Carta de Deolinda Rodrigues. Em Documentos e comentários para a história do MPLA: até Fev. 1961 (1. ed, pp. 485–486). Dom Quixote.

Lara, L. (2000c). Excerto de carta a Deolinda Rodrigues. Em Documentos e comentários para a história do MPLA: até Fev. 1961 (1. ed, pp. 481–483). Dom Quixote.

Lara, L. (2000d). Em Documentos e comentários para a história do MPLA: até Fev. 1961 (1. ed, pp. 41, 255, 266, 273, 284, 291, 308, 327, 355, 380, 412, 422, 454, 481, 504, 667). Dom Quixote.

Mabeko-Tali, J.-M., Pepetela, pseud., Coquery-Vidrovitch, C., & Pinto, A. O. (2019). Em Guerrilhas e lutas sociais. O MPLA perante si próprio—1960-1977 (pp. 97, 649, 650,677-678). Mercado de Letras.

Menezes, H. A. de, & Pacheco, C. (2018a). Accra no centro do furacão. Em Percursos da luta de libertação nacional: Viagem ao interior do MPLA memórias pessoais (2a. ed, p. 175). Vega.

Menezes, H. A. de, & Pacheco, C. (2018b). Léopoldville: Médicos do CVAAR. Em Percursos da luta de libertação nacional: Viagem ao interior do MPLA memórias pessoais (2a. ed, p. 132,134). Vega.

Movimento Popular de Libertação de Angola. (1996a). A Conferência de 1962. Em MPLA, 40 anos por Angola (p. 23). MPLA.

Movimento Popular de Libertação de Angola. (1996b). Revitalizar a 1a Região. Em MPLA, 40 anos por Angola (p. 25). MPLA.

Paredes, M. (2010). Deolinda Rodrigues, da Família Metodista à Família MPLA, o Papel da Cultura na Política. Caderno de Estudos Africanos, 20, 11–26.

Paredes, M. (2015). Combater duas vezes: Mulheres e luta armada em Angola. Verso da História.

Paredes, M. I. B. F. (2014). Mulheres na Luta Armada em Angola: Memória, Cultura e Emancipação [Doutoramento em Antropologia]. ISCTE-IUL - Instituto Universitário de Lisboa.

Rodrigues, I. F., & Sheldon, K. (2008). Outras Vozes: Women’s writings in lusophone Africa. African and Asian Studies, 7, 423–445.

Stead, M., & Rorison, S. (2013). History of the streets. Em Angola (2a, p. 22).

Bradt Travel Guides. Kukkuk, L. (2005). Are Women Really All That Important? Em Letters to Gabriella: Angola’s Last War for Peace, What the UN Did and Why (p. 140). FLF Press.

THOMPSON, Drew. “Deolinda Rodrigues”. Em: AKYEAMPONG, Emmanuel K.; GATES JR., Henry Louis (dir). Dictionary of African Biography. Oxford University Press, 2012, v. 5, p. 212-213.

Abdala, I. (Produtor). (2023). Langidila: Diário de um exílio sem regresso [Biografia; Documentário]. Totalcomunicação.

Cda. Deolinda Rodrigues. Fundadora da Organização da Mulher Angolana. Assassinada em 1969 pelos lacaios do imperialismo. (sem data). Associação Tchiweka de Documentação. https://www.tchiweka.org/iconografia/0700010010

Deolinda Rodrigues. (sem data). Associação Tchiweka de Documentação. https://www.tchiweka.org/pessoas/deolinda-rodrigues?page=3

Deolinda Rodrigues (1939-1967). (2021, janeiro 22). [Projeto]. Biografia de Mulheres Africanas. https://www.ufrgs.br/africanas/deolinda-rodrigues-1939-1967/ 

Deolinda Rodrigues Francisco de Almeida. (2024, setembro 23). Wikipédia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Deolinda_Rodrigues_Francisco_de_Almeida#cite_note-10 

Faustino, O. (2016, outubro 16). A História da Militante Angolana Deolinda Rodrigues. Revista Raça. https://revistaraca.com.br/a-historia-da-militante-angolana-deolinda-rodrigues/ 

Instituto Superior Politécnico Deolinda Rodrigues. (sem data). [Institucional]. https://www.ideroangola.com  Obra de Deolinda exposta em Lisboa. (2014, fevereiro 28). Jornal de Angola.

Plummer, Brenda G. (2022, janeiro 18). Martin Luther King Jr.’s Fight for Racial Justice Went Beyond the United States. Foreign Policy. https://foreignpolicy.com/2022/01/18/martin-luther-king-jr-foreign-policy-racial-justice/ 

Foi filha de um casal de professores primários. Iniciou o seu percurso político na década de 1950 devido à sua forte ligação a um grupo juvenil da Igreja Evangélica, em Luanda, no qual falavam ativistas políticos como Amílcar Cabral. Começou a escrever desde muito cedo num boletim escolar onde publicava poemas e ensaios sobre a pátria e revolta do povo oprimido. Desde cedo que organizava os estudantes no sentido de os consciencializar sobre a condição do povo angolano, com enfâse na opressão feminina. Ingressou no MPLA pouco depois da sua constituição. Como fluente do Kimbundu e do inglês, tornou-se numa das mais prestigiadas interpretes dos missionários estadunidenses da Igreja Metodista Unida.

Traduziu documentos do MPLA. Foi professora no Centro Social da Missão. Em 1959 conseguiu uma bolsa da Missão Evangélica para estudar Sociologia no Instituto Metodista Chácara Flores, em São Paulo. Deolinda fugiu à PIDE que a procurava em Luanda e Lisboa. Apesar de não ter sido presa e de se encontrar no Brasil, mantiveram o seu processo judicial e fizeram um acordo de extradição que a obrigou a fugir para os Estados Unidos da América, onde prosseguiu os estudos. Entre 1960 e 1962 viveu exilada, tendo de abandonar vários países por causa da perseguição política da PIDE. Esteve nos Estados Unidos da América, nos Países Baixos e em Léopoldville, no Congo. Nesse ano juntou-se ao Corpo Voluntário Angolano de Assistência aos Refugiados (CVAAR), organização fundada pelo MPLA e na qual teve um trabalho destacado, juntamente com os seus camaradas Luís de Azevedo, Silvério Paím e Mário Afonso de Almeida. Trabalhou no escritório do Cpc (departamento da juventude) do MPLA.

No seu diário, publicado em 2003, refere com frequência as perseguições da PIDE no território angolano. Os relatos crus apresentam uma Angola totalmente segregada " Não conhecer ninguém nesta zona de brancos!...Esta é a vida do pobre, do preto." (Rodrigues 2003, p.100). Também não escondeu o machismo sentido no MPLA "Disseram-me que não vou já para Ghana porque sou mulher e o Barden não respeita senhoras. (...) Se me apanho fora deste MPLA erudito e masculino, não volto em breve" (p.57). Foi guerrilheira e dirigente do MPLA, sendo a única mulher no Comité Diretor nos anos 60 com o cargo Chefe do Departamento de Assuntos Sociais. Entrou na guerrilha através de instrução militar realizada no CIR em Dolisie, na fronteira com Cabinda, Congo Brazzaville, tendo sido ensinada por instrutores cubanos. A sua morte precoce está representada na estátua Heroínas de Angola que homenageia a Deolinda, assim como outras duas companheiras da coluna Camy que foram prisioneiras do Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), acabando por morrer no campo Kinkuzu.

Dia 2 de março é considerado “Dia da Mulher Angolana”. Este dia marca a data em que a escritora foi aprisionada no campo militar da FNLA. Angola e o MPLA prestaram homenagem à escritora ao longo do tempo através de toponímias, estátuas e atribuindo o seu nome ao Instituto Politécnico Deolinda Rodrigues.

Elementos Biográficos
Deolinda Rodrigues Francisco de Almeida
10 de fevereiro de 1939
Catete
2 de março de 1967*
Congo

Prima de Agostinho Neto, Presidente de Angola. Irmã de Roberto de Almeida, um vice-presidente do MPLA. *Maria Ruth Neto, deputada do MPLA, afirma que não é possível afirmar que a morte de Deolinda Rodrigues foi a 2 de março de 1967, pois a data atribuída é a do raptado pela FNLA.

Dados de Inventário

Identificação dos inventariantes

Mariana Branco
Mariana Branco, sob revisão científica de Ana Paula Ferreira

Investigadora Responsável: Teresa de Sousa Almeida (https://orcid.org/0000-0001-6758-1565)

O projeto Escritoras de língua portuguesa no tempo da Ditadura Militar e do Estado Novo em Portugal, África, Ásia e países de emigração visa integrar no património literário a escrita realizada por mulheres, promovendo o conhecimento, a desocultação e a difusão de escritoras que publicaram entre 1926 e 1974, assim como das suas obras, uma vez que, mesmo no que diz respeito ao século XX, o cânone da literatura portuguesa é essencialmente masculino.

Como citar: Almeida, Teresa de Sousa (Coord.). [2019]. Projeto "Escritoras de língua portuguesa no tempo da Ditadura Militar e do Estado Novo em Portugal, África, Ásia e países de emigração".

Mulheres escritoras is licensed under CC BY-NC-SA 4.0

 


 

O IELT é financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito dos projetos UIDB/00657/2020 com o identificador DOI https://doi.org/10.54499/UIDB/00657/2020 e UIDP/00657/2020 com o identificador DOI https://doi.org/10.54499/UIDP/00657/2020.