MULHERES ESCRITORAS

Escritoras de língua portuguesa no tempo da Ditadura Militar e do Estado Novo em Portugal, África, Ásia e países de emigração

 

Ficha de autora
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Natália Correia
Natália Correia
Escritora, tradutora, jornalista, guionista, editora, deputada

1979 - Prémio La Fleur de Laure do Centre International de Poésie Neo - Latine e do Comité des Prix Petarque de la Poésie Neo - Latine

 

1980 - Ordem de Mérito Austríaca

 

1981 - Ordem de Santiago (Grande Oficial)

 

1991 - Ordem da Liberdade (Grande Oficial)

 

1991 - Grande Prémio da Poesia da Associação Porrtuguesa de Escritores 

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Correia, N. (1972, julho 26). Acaso objectivado. A Capital.

 

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Natália Correia foi uma das grandes figuras da literatura portuguesa e internacional a integrar a lista de colaboradores da publicação Letras e Letras (jornal mensal entre novembro de 1987 e o mesmo mês de 1990; passando a bimensal até julho 1993 e a revista mensal até julho do ano seguinte. Publicada online a partir de 30 de dezembro de 1997).

 

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Natália Correia integrou a Comissão de Mulheres do Movimento de Unidade Democrática, fundado em 1945 e a Comissão Feminina criada no âmbito da candidatura presidencial de Humberto Delgado.

Foi uma das oradoras na sessão pública organizada em 1982, no Teatro Aberto de Lisboa, pela Comissão de Mulheres pela Legalização do Aborto  e por uma Maternidade Consciente, com o apoio da CNAC (Campanha Nacional pelo Aborto) e do MDM (Movimento Democrático de Mulheres). Natália, enquanto deputada, defendeu vigorosamente a despenalização do aborto.

Apoiou a candidatura de Maria de Lourdes Pintasilgo à Presidência da República, que justificou com estas palavras: "Não posso deixar de relacionar a eleição de uma mulher para a chefia do Estado com as melhores ideias de uma cultura que emerge. Isto não tem que ver com o feminismo conservador, politiqueiro ou fundamentalista, mas com uma visão ampla de uma nova mundividência, na qual a objectividade histórica do afectivo da cultura feminina é requisito para um novo relacionamento humano."

 

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(Antologia de texto de imprensa)

 

¹ O livro foi proibido, como consta do relatório n.º 7677 de 30 / 12 / 1975 da Direcção dos Serviços de Censura, onde se pode ler: "fica-nos a impressão que esta obra pretende ser a contribuição comunista para as comemorações bocageanas que estão em realização". Em 1970, Natália foi julgada e condenada a três anos de pena suspensa.
Ana Paula Costa na obra "Fotobiografia" de 2006 cita Natália sobre o tema: " A estupidez desta penalidade teve resultados contários àqueles que o puritanismo oficial quis obter (...) Com esta intervenção da mulher no domínio do erótico, cai o último tabu à literatura feminina em Portugal".

BNP, Biblioteca Nacional de Portugal, Arquivo de de Cultura Portuguesa Contemporânea, Coleção Natália Correia, Esp. N65

Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.

Museu Carlos Machado

Na década de 50 - 60, a casa de Natália , na Rua Rodrigues de Carvalho, em Lisboa, recebeu grandes vultos da cultura portuguesa e internacional, como Graham Green, Henry Miller ou Ionesco. Em sua casa representou-se, pela primeira vez em Portugal, a peça de Jean Paul Sartre Hui Clos, que Natália traduziu e interpretou.

António Sérgio, Ferreira de Castro, Mário Cesariny, Martins Correia, Almada Negreiros,  Abel Manta, Cruzeiro Seixas, José Guimarães, Artur Bual, Lima de Freitas, Isabel Meireles, entre outros, faziam parte do núcleo de relações próximas de Natália Correia. 

No Botequim, bar que abriu, em 1971,  localizado no bairro lisboeta da Graça, reuniu jornalistas, escritores, políticos, artistas, militares. "O Botequim era a animada tertúlia de Natália, onde tudo acontecia: discussões de arte e de política, de literatura e de filosofia, animado convívio, alguma estúrdia; cantava-se, exercitava-se a má - língua, (...) namorava-se, faziam-se e desfaziam-se casamentos" (Mário Soares in Natália arte e poesia" ). Por lá passaram José Saramago, David Mourão Ferreira, Amália Rodrigues, José Afonso, Sá Carneiro, Snu Abecassis, Mário Soares, Maria de Lourdes Pintasilgo, Ramalho Eanes, Costa Gomes, Melo Antunes, Otelo Saraiva de Carvalho, Maria João Pires e António Vitorino de Almeida, para só citar alguns.

Dificil de integrar numa particular corrente literária, surrialista, barroca ou romântica, Natália afirmou preferir esta última asserção, explicando a sua ligação ao movimento surrealista por considerá-lo a "derradeira expressão do romantismo" (entrevista ao jornal O Independente a 1 de Setembro de 1989).

 

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Tchekov, A. (1978). Platonove. (N. Correia, Trad.).

 

Vega, L. (1967). Perbáñez e o comentador de Ocaña, o cachorro do Hortelão e fuenteovejuna. (N. Correia, Trad.). Porto: Civilização.

A ficha da escritora encontra-se em desenvolvimento.

 

A atenção com que a polícia política do Estado Novo acompanhava a vida política e literária de Natália Correia pode ser constatada na nota informativa da PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado), datada de 14 de Dezembro de 1962:

"A escritora acima referida desde há muito que se encontra referenciada como elemento adversário das Instituições. Das diversas actividades que lhe têm sido assinaladas, há que salientar o facto do seu nome figurar na maioria das exposições por indivíduos que se dizem intelectuais, mas que, na sua quase totalidade, são conhecidos pelas suas tendências comunistas, para pediram a abolição da censura, a extinção da PIDE, etc.... Durante as campanhas eleitorais tem apoiado sempre os candidatos da "oposição", tendo desenvolvido a sua maior actividade quando da candidatura do Dr. Arlindo Vicente à Presidência da República, evidenciando-se como "membro" da chamada "Comissão Cívica Eleitoral de Lisboa", que foi criada sob a inspiração e orientação comunistas". (processo de Natália Correia na PIDE/DGS, armazenado na Torre do Tombo).

 A suspeição que Natália suscitava aos censores do regime levou a que fosse determinado que "todas as obras editadas pela pseudo - editorial Afrodite ( de que era directora) são da máxima inconveniência e todas elas foram proibidas por estes serviços" (Azevedo, C. Mutiladas e proibidas. Para a história da censura literária em Portugal nos tempos do Estado Novo.)

A Editora Arcádia, de que Natália Correia era à altura editora literária, publicou a primeira edição do livro de António de Spínola Portugal e o Futuro (fevereiro de 1974)no qual se questionava uma solução militar para a Guerra Colonial.

Elementos Biográficos
Natália de Oliveira Correia
13 de setembro de 1923
Fajã de Baixo, Ilha de São Miguel, Açores
1993
Lisboa

Pai: Manuel Medeiros Correia;

Mãe: Maria José Oliveira, professora e escritora, figura determinante na vida de Natália Correia.

Cônjuges: Álvaro dos Santos Dias, William Creighton Hylen, Alfredo Machado e Dórdio Guimarães.

Dados de Inventário

Identificação dos inventariantes

Ana Mota
Raquel Sabino

Investigadora Responsável: Teresa de Sousa Almeida (https://orcid.org/0000-0001-6758-1565)

O projeto Escritoras de língua portuguesa no tempo da Ditadura Militar e do Estado Novo em Portugal, África, Ásia e países de emigração visa integrar no património literário a escrita realizada por mulheres, promovendo o conhecimento, a desocultação e a difusão de escritoras que publicaram entre 1926 e 1974, assim como das suas obras, uma vez que, mesmo no que diz respeito ao século XX, o cânone da literatura portuguesa é essencialmente masculino.

Como citar: Almeida, Teresa de Sousa (Coord.). [2019]. Projeto "Escritoras de língua portuguesa no tempo da Ditadura Militar e do Estado Novo em Portugal, África, Ásia e países de emigração".

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O IELT é financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia no âmbito dos projetos UIDB/00657/2020 com o identificador DOI https://doi.org/10.54499/UIDB/00657/2020 e UIDP/00657/2020 com o identificador DOI https://doi.org/10.54499/UIDP/00657/2020.