Em 1940, Natércia Freire iniciou uma colaboração com a Emissora Nacional, assinando palestras semanais. No sexto número da Atlântico. Revista Luso-Brasileira (1945, abril 21) - em que também um poema seu é publicado ("E agora é Primavera") - relata-se a homenagem que a autora fez a Mário de Andrade aquando da sua morte:
"Embora assim ocupemos dois lugares num mesmo número desta revista, consideramos justificada a publicação da palestra que lêmos ao microfone da Emissora Nacional. Para que essa "Meia Hora Brasileira" constituísse, quanto possível, uma homenagem ao poeta, seguiu- -se, à leitura das nossas palavras, a recitação de cinco poemas de Mário de Andrade pela voz comovida da poetisa Natércia Freire. Os poemas escolhidos para êsse fim foram: «Lenda do Céo», «Cantiga do Ai», o XI dos «Poemas da Amiga», o I poema do «Rito do Irmão Pequeno» e o III poema do «Girassol da Madrugada»." (p. 183)
Em 1962, organizou as "Tardes poéticas" no Teatro Nacional Dona Maria II. Natércia Freire foi membro da Comissão de Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian entre 1971 e 1974.
A Câmara Municipal de Benavente instituiu o Prémio Nacional de Poesia Natércia Freire, em 2013.
A sua obra foi traduzida para várias línguas (francês, italiano ou grego) e a sua poesia publicada em revistas estrangeiras. Foi igualmente referida em revistas gregas, francesas e italianas.
António Ferro sobre a poetisa, no ultimo número da Atlântico. Revista Luso-Brasileira (1950, março 25): "Natércia Freire [...] é, precisamente, uma figura, dentro da poesia portuguesa contemporânea, que exemplifica este sentido monástico, religioso da Poesia, este desinteresse teresse total pela vida rasteira, que até pode ser vivida mas sempre na ansiedade duma vida mais alta, ensimesmamento que não é egoísmo mas oração perniamente diante do mistério da criação, presença de Deus. Natércia Freire, pertence, desta forma, àquela ordem de poetas que procura manter viva, para iluminação das almas que parecem mais refractárias a essa luz, a chama da poesia pura como os monges, aos quais aludi, a chama da fé. Faz parte assim, efectivamente, desse limitado número de poetas que os homens práticos julgam inúteis, porque os acham demar siados subtis, imponderáveis, (um Mallarmé, um Moreas, um Rilke, ou entre nós, um Fernando Pessoa, um Carlos Queiroz, - para citar apenas alguns desaparecidos) aqueles afinal, pairando mais alto, que constituem o céu da Poesia, as suas nuvens caprichosas, sem cálculo, sem premeditação... [...] Os versos de Natércia Freire, versos sentidos, mas quase não escritos, murmurados, mas nunca entoados, são tão alados, tão imateriais, que achei preferível não lhes tocar, com medo que me fugissem, que batessem as asas, se bem que Natércia Freire os diga admiràvelmente porque os diz na penumbra, como se viessem, naquele minuto mesmo, ao seu pensamento. Estranha poetisa esta que parece andar sózinha na vida, debruçada constantemente sobre si própria, atenta, mas como desatenta, ao fio de água da sua alma que flui, corre, que enche de versos, às vezes sem ela dar por isso, os seus olhos, a sua boca, as suas mãos ... Quando a leio ou quando a oiço, irmã de Florbela ou de António Nobre, quando me encontro com a sua alma sonâmbula, quando os seus poemas se desfazem em mim como penas de ave ou flocos de neve, sinto que Natércia Freire não é bem deste mundo mas daquele mundo que contorna o mundo, em que são as almas que revestem os corpos ... Não chego até a perceber se os versos de Natércia Feire vivem dentro dela ou se o contrário, se Natércia Freire é quem vive dentro dos seus versos..."
No mesmo número, Vasco Lima Couto dedica-lhe um poema.