Ficha de autora

Maria Archer
Maria Archer
Escritora, jornalista, conferencista, tradutora

1938 - Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho 

Archer, M. (1952, outubro). Revisão de conceitos antiquados. Ler, (7).

Colaborou em Seara Nova, Diário de Lisboa, Comércio de Angola, República, Jornal de Notícias, Eva, O Mundo Português, Portugal Colonial e Ultramar. No Brasil colaborou com O Estado de São Paulo (suplemento feminino), Semana Portuguesa e Portugal Democrático. Também colaborou em rádio e na televisão.

Para mais informação, ver: Gonçalves, L.G. (2013). Maria Emília Archer Eyroles Baltasar Moreira. In J. Esteves et. al (Dirs.), Feminae. Dicionário contemporâneo (pp. 606-610). Lisboa: Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género. 

Prefaciou Poemas, de Felícia Caldeira, publicado no ano de 1950, e Volta ao mundo num cartucho¸ de Ló Silvano (Lisboa: Sociedade Nacional de Tipografia, 1940).

 

Você é acusada de ter escrito um romance imoral (1944, agosto 10). Acção - Semanário da Vida Portuguesa.

(Entrevista a propósito de Ela é apenas mulher)

 

Responde a: Inquérito às mulheres portuguesas. (1935, novembro 3) O Diabo, (71).  (Ver Observações)

 

Archer, M. (1948, setembro 11). Eu...e mais eu. O Sol, (184).

 

Archer, M. (1956, janeiro 15). [Entrevista]. Diário de Notícias [São Paulo]. 

 

Em 1963, fundou e foi eleita presidente da sucursal, em São Paulo, da União das Mulheres Portuguesas.

Participou em movimentos de mulheres de resistência ao salazarismo, sendo activa através de conferências, nomeadamente em 1964 sobre a situação das mulheres encarceradas em Caxias (Biblioteca Municipal de S. Paulo).

Archer, M. (1971). Dez horas da noite, S. Paulo [conto inserido em Fauno Sovina]. In G. Castilho (Org.), Os melhores contos portugueses (4ª ed.) (pp. 228-233). Lisboa: Portugália Editora.

 

ALMA - Acervo Literário Maria Archer (mantido pela Fundação Professor Fernando de Pádua, sobrinho da autora)

Sede: Rua Dr. Nicolau Bettencourt, 45 - 1050-078 Lisboa, Portugal

Recuperação, tratamento e organização do ALMA efectuado por Elisabeth Battista, pesquisadora e professora na Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT.

Adere ao MUD (Movimento de Unidade Democrática), em 1945.

Em 1949, participa na campanha do General Norton de Matos à Presidência da República.

Participa em várias conferências promovidas pela Sociedade de Geografia de Lisboa.

Correspondência com alguns membros da família (percebe-se que foi financeiramente apoiada por familiares).

Correspondência com Branca de Gonta Colaço. 

Correspondência com o Gabinete do Presidente do Conselho sobre censura.

Correspondência com Fernanda de Castro

Batista, E. (2007). Entre a literatura e a imprensa: Percursos de Maria Archer no Brasil (Tese  de Doutoramento). USP, São Paulo.

 

Batista, E. (2015). Maria Archer: o legado de uma escritora viajante. Lisboa: Edições Colibri.

 

Bordeira, G. (2014). Acerca de Maria Archer. Lisboa: Edições Vieira da Silva.

 

 

Botelho, D. M. S. (1994). Ela é apenas Mulher: Maria Archer obra e autora (Dissertação de mestrado). Universidade Nova de Lisboa, Lisboa.

 

Ferreira, A. P. (2003). Maria Archer e a sexualidade feminina: representações do erotismo. In A. M. Ferreira (Ed.), Percursos de Eros: representações do erotismo (pp. 155-164). Aveiro: Universidade de Aveiro/ALAEP.

 

Martins, L. P. (2005). Menina e moça em África. Maria Archer e a literatura colonial portuguesa. Lusotopie, 12(1-2), 77-91. Retirado de https://journals.openedition.org/lusotopie/1183 

 

Martins, M. L. P. (2002). Cadernos de memórias coloniais: Identidades de “raça”, de classe e de género em Maria Archer (Dissertação de mestrado). Universidade de Lisboa, Lisboa.

 

Matos, M.I.S. (2021). A escrita como experiência de luta e resistência: Maria Archer. ArtCultura, 23(42).

 

Pedrosa, A.B.M. (2017). Escritoras portuguesas e Estado Novo: As obras que a ditadura tentou apagar da vida publica (Tese doutoramento). UFSC, Florianápolis.

 

Pereira, M.L.S.C. (2008). Maria Archer entre o feminismo e o neorrealismo: Uma leitura dos romances Ela é apenas mulher e Aristocratas (Dissertação de mestrado). Universidade do Minho, Braga

Rêgo, R.  (1982). Maria Archer. Diário Popular, Lisboa, 2 de fevereiro, p.3.

 

Simões, J. G. (2001). Maria Archer: Bato às portas da vida. In J. G. Simões, Crítica. Romancistas contemporâneos 1942-1961 (vol. 3) (pp. 289-293). Lisboa: Imprensa Nacional/Casa da Moeda.

 

Vasques, E. (2001). Mulheres que escreveram teatro no Século XX em Portugal. Lisboa: Edições Colibri.

Saraiva, A. J. & Lopes, O. (1996). História da Literatura Portuguesa (17ª ed., p.1029). Porto: Porto Editora.

Archer, Maria Emília Eyrolles-Baltasar Moreira (1973). In M. Moisés (Org.), Literatura portuguesa moderna. São Paulo: Editora Cultrix Ltda.

 

Flores, C., Duarte, C. L. & Moreira, Z. C. (2009). Dicionário de escritoras portuguesas (p. 195). Ilha de Santa Catarina: Editora Mulheres.

 

Gonçalves, L.G. (2013). Maria Emília Archer Eyroles Baltasar Moreira. In J. Esteves et. al (Dirs.), Feminae. Dicionário contemporâneo (pp. 606-610). Lisboa: Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género. 

 

Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (Org.) (1998). Dicionário cronológico de autores portugueses (vol. IV) (pp. 209-210). Mem Martins: Publicações Europa-América.

 

Machado, A. M. (1996). Archer Eyrolles Baltasar Moreira, Maria Emília. In A. M. Machado (Org., Dir.), Dicionário de literatura portuguesa (p. 41). Lisboa: Presença.

 

Nóvoa, A. (Dir.) (2003). Dicionário de educadores portugueses (1ª ed.) (p. 111). Edições ASA.

 

Quem é quem. Portugueses célebres (2008) (pp. 57-58). Lisboa: Círculo de Leitores. 

 

Sá, L. & Rêgo, M. (Orgs.) (1998). O caso do policial português. Literatura policial. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa.

(A morte veio de madrugada)

 

Sousa, C. M. (n.d.). Archer, Eyrolles Baltasar Moreira (Maria Emília). In J. A. C. Bernardes, A. P. Castro, M. L. A. Ferraz, G. C. Melo & M. A. Ribeiro (Dirs.), BIBLOS. Enciclopédia verbo de literaturas de língua portuguesa (vol. 1) (pp. 377-379). Lisboa/S. Paulo: Editorial Verbo.

Colóquio Internacional Maria Archer (ver observações):

 

Colóquio Internacional Maria Archer (2022, janeiro 24). Sessão 1 - Uma voz insubmissa [vídeo]. Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=QqE3XvjuSWY&t=4s 

Colóquio Internacional Maria Archer (2022, janeiro 24). Sessão 2 - Olhares sobre África [vídeo]. Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=EvJP57eFDMk&t=5933s

Colóquio Internacional Maria Archer (2022, janeiro 24). Sessão 3 - A crítica da lei em Maria Archer [vídeo]. Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=9ddeGowvvgo&t=4s

 Colóquio Internacional Maria Archer (2022, janeiro 24). Apresentação do projeto [vídeo]. Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=WqLneNiBYJE&t=1058s

 

Carlisle, H. G. (n.d.). Eu sou a sua mulher. (M. Archer, Trad.). Lisboa: Edições Livraria Editora Guimarães & Cª.   

[Maria Archer traduziu também a segunda edição deste romance, em 1942]

 

Coolen, A. (1943). O bom assassino [pref. de Maria Archer]. (M. Archer, Trad.). Porto: Livraria Tavares Martins. 

 

Voltaire (1942). Cândido ou o optimismo. (M. Archer, Trad.). Lisboa: Guimarães & Cª., Editores.

A ficha da autora está em desenvolvimento.

Na contracapa de Terras onde se fala português, da autora, é anunciado Amor de ladrões [no prelo]. A pesquisa prosseguida até à data não permitiu verificar a sua existência.

É grande a pluralidade temática e de géneros de Maria Archer: livros infantis, novelas de cunho sentimental, romances, ensaios, crónicas, artigos, relatos de viagens, teatro e traduções.

Viveu em África (Guiné, Angola e Moçambique). Viveu no Rio de Janeiro. Entre 1910 e 1914 viveu em Moçambique, onde regressa já casada, por um período de 5 anos. Em jovem, viveu também em Guiné-Bissau e no Algarve. Divorciada, junta-se aos pais que vivem em Luanda/Angola. Aí permanece por 4 ou 5 anos. Entre 1955 e 1979, por falta de meios de subsistência em Portugal, emigra para o Brasil. A 15 de janeiro de 1956, em entrevista ao Diário de Notícias (Rio de Janeiro) diz: "Vim para o Brasil, tendo chegado dia 15.07.1955, porque já não podia viver em Portugal. A acção da censura asfixiou-me e tirou-me os meios de vida. Apreenderam-me dois livros publicados, assaltaram-me com policiais a casa e levaram-me um original que ainda estava escrevendo, violência inédita em países de civilização europeia." Citado por Battista (2015, p. 44).

 

Responde a: Inquérito às mulheres portuguesas. (1935, novembro 3). O Diabo, (71).:

"Fala a escritora Maria Archer:

Maria Archer, escritora e jornalista, respondendo ao nosso inquérito, começa por nos manifestar as suas impressões sobre a dificuldade de se dar uma resposta concisa e genérica a determinadas perguntas que é costume fazer-se em relação à vida espiritual das mulheres.

E diz:

MA - As aspirações da Mulher são muitas: a maior parte delas, porém, não se confessa.

O Diabo - Há certamente algumas que se impõem…

MA - Sim. Acima de tudo a Mulher deseja o reconhecimento da sua categoria de criatura socialmente humana. É que, presentemente a mulher é ainda um animal doméstico.

O Diabo - Quanto ao feminismo… Qual a sua maior preocupação?

MA - A de conseguir para a mulher a independência em todos os seus aspectos.

O Diabo - Existe a Nova Mulher?

MA - A 60.º latitude Norte, talvez os homens consintam no aparecimento deste fenómeno.

O Diabo - Que impressões possui sobre o trabalho feminino?

MA - O trabalho é sempre um meio de subsistência. Para a mulher entretanto não chega a ser isso. No futuro, o trabalho será aquilo que havemos de ver quando o futuro fôr presente.

O Diabo - Sobre o ideal pacifista na mentalidade feminina?

MA - Presentemente existe. Será sempre assim? É difícil um julgamento… A mulher não é melhor do que os homens…

Ante um sorriso, Maria Archer completa o seu pensamento:

MA - A mulher, tanto como o homem, será pacifista ou não - segundo o seu grau de civilização. É natural que a mulher hotentote não deixe tão cedo de admirar o fragor das batalhas, talvez de achar-lhe poesia.

O Diabo – Que papel representa o Amor na sociedade actual?

MA – De uma forma geral, não sei responder. Representa variados papéis, conforme os casos.

O Diabo – E no futuro?

MA – Pelo jeito que as coisas levam, desconfio que não chega até lá…

O Diabo – Houve alguma época da existência da humanidade em que a mulher tivesse sido feliz?

MA – Uma: a do matriarcado.

O Diabo – A maternidade influi na vida espiritual da mulher?

MA – Não sou mãe, nem fiz observações a este respeito.

O Diabo – E na vida social?

MA – Se a mulher é mundana – a maternidade é um tropeço. Se é uma mulher que trabalha – igualmente. Mas, neste último caso, pode ser também um incentivo para o trabalho, porque muitas vezes perdemos o gosto de viver para nós.

O Diabo – Efeitos do desenvolvimento intelectual da mulher?

MA – De princípio, um mal, porque a mulher, por seu intermédio, perde a faculdade de admirar os homens. Em relação ao lar, esses efeitos são mínimos: o lar é um campo mais próprio para manifestações afectivas do que manifestações intelectuais. Perante os filhos a intelectualidade da mãe deve forçosamente manifestar-se benéfica. Na vida social, depende do carácter dela.”

Elementos Biográficos

Maria Emília Archer Eyrolles Baltasar Moreira
4 de janeiro de 1899
Lisboa
23 de janeiro de 1982
Lisboa

As datas de nascimento e de morte da autora têm sido objeto de informações divergentes, sendo que a própria autora inscreveu, numa nota biográfica, o seu nascimento em 4 de janeiro de 1905. No entanto, na sua dissertação de mestrado (2002), Maria Leonor Pires Martins, apoiada também num estudo de Dina Botelho (1994), afirma o nascimento da autora em 4 de Janeiro de 1899. 

O seu nome consta do arquivo da antiga polícia PIDE/DGS.

No seu espólio há troca de correspondência entre o sobrinho, Fernando Pádua, e Marcelo Caetano sobre o regresso da autora a Portugal. O Presidente do Conselho assegura que não será incomodada (23/6/1973). No entanto, só regressa a Portugal em abril de 1979, com 80 anos, ficando internada na Mansão de Santa Maria de Marvila ("um asilo para velhos").

O seu nome está presente na toponímia de Almada, de Almodôvar, da Amadora, de Cascais, de Faro, de Ferreira do Alentejo, de Oeiras e do Seixal.

Dados de Inventário

Identificação dos inventariantes

Isabel Henriques de Jesus
Raquel Sabino

logos das entidades apoiantes

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