Alice Gomes fez os Estudos Liceais e o Curso da Escola do Magistério Primário na cidade do Porto. Foi professora metodóloga no Instituto Normal Primário do Porto, mudando-se depois para Lisboa, onde deu aulas no Ensino Infantil e nas Escolas Primárias do Liceu Charles Lepierre. Promoveu exposições de desenhos e outros trabalhos escolares infantis, escreveu teatro, contos e romances para crianças e traduziu, entre outros livros, O príncipezinho de Saint-Exupéry. Colaborou em jornais e revistas com poemas, contos e artigos de teor educativo. Em 1954, organizou e assinou o prefácio da antologia Poesia para a infância. A partir de 1967, dedicou-se exclusivamente a escrever para crianças. Pertenceu à Sociedade Portuguesa de Escritores, sócia fundadora da Associação Portuguesa para a Educação pela Arte, em 1957, com Calvet de Magalhães, João Couto, Cecília Menano e Maria Lúcia Namorado. Em 1973, foi eleita candidata de Portugal ao Prémio Internacional de Literatura Infantil Hans Christian Andersen, sendo, à data da sua morte, Presidente da respetiva Assembleia-Geral.
Alice Gomes foi uma mulher com um papel muito relevante da literatura para a infância, quer enquanto pedagoga, quer enquanto autora. Desenvolveu, desde meados dos anos 50, um estilo de escrita com uma temática inspirada nas mais modernas correntes estrangeiras contemporâneas, em que a natureza e os animais eram cenário e personagens de eleição. Foi sempre muito atenta à opinião das crianças, tendo inclusive recolhido um conjunto de poemas criados por crianças. Alice Gomes destacou-se nesse esforço de conciliar e de interligar os papéis de professora e de autora: a autora encontrou no universo escolar, nas aulas e no recreio, alguns dos temas das suas histórias; a professora ajudou a autora, permitindo-lhe compreender melhor o seu público.
Como escritora, interessava-lhe ajudar a formar o carácter dos seus pequenos leitores, mas desejava também transmitir-lhes o prazer da leitura, por isso, ajudada pelo contacto quotidiano com crianças, foi junto delas que encontrou os motivos das suas histórias, dos seus poemas e dos textos dramáticos que escreveu e foram encenados em grandes salas.
Como professora, fomentou e pôs em prática o “método dos projetos” (recolha e apresentação na aula de materiais que facilitem e ilustrem a aprendizagem). Também levou à prática experiências de organização de bibliotecas de permuta, museus e festas escolares.
Destacou-se como dinamizadora da educação pela arte, não apenas estimulando o teatro infantil, os fantoches, o desenho, como todas as manifestações de criatividade enquanto formas de tornar o ensino mais motivador.
Alice Gomes, foi uma das mais ativas colaboradoras da revista Presença, na sua segunda fase (1933-1938); antifascista, conheceu com o seu marido, o escritor Adolfo Casais Monteiro, os calabouços da PIDE, onde esteve durante vários meses no ano de 1937, data que marca a sua expulsão da atividade docente.
Foi membro do Socorro Vermelho Internacional, movimento de apoio aos republicanos espanhóis durante a Guerra Civil de Espanha.
Pertenceu à Sociedade Portuguesa de Escritores, foi membro do Comité Português para a UNICEF, da Sociedade Internacional através da Arte, e da Sobreart (Sociedade Brasileira).
O seu nome faz parte da toponímia de Almada (Rua Alice Gomes), Cascais (Freguesia de São Domingos de Rana – Rua Alice Gomes) e Tabuaço (Rua Alice Pereira Gomes).
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